terça-feira, 18 de setembro de 2007

Pensando à bolina (5)

Experiências com animais

Pedro Sinde

Imaginemos os dois, o leitor e eu, que em vez de serem os homens a fazer experiências com animais, eram os animais a fazer experiências com os homens. Imaginemos que uma espécie de animais resolvera caçar homens, reproduzi-los (reproduzir-nos!) para realizar experiências "científicas". Tudo isto, é claro, porque a sua espécie estava ameaçada por uma estranha doença e necessitavam de encontrar a cura. Não podemos dizer que seria por razões humanitárias, mas por razões animalitárias.
O que faria o homem quando reparasse que os seus estavam a desaparecer enigmaticamente e descobrisse que os animais os tinham enjaulado, que lhes davam injecções com líquidos que lhes causavam uma dor atroz, que lhes implantavam orelhas nas costas e braços na cabeça?

O animal é visto como uma "coisa" ao serviço do homem. E o que é curioso é que aqueles que fazem estas experiências atrozes com os animais são exactamente os mesmos que defendem que os homens são apenas animais entre animais, par inter pares. Se o homem é apenas um igual entre iguais com o animal, então que direito o assiste nesse infligir de sofrimento inimaginável, invisível, mas bem existente? Os horrores de um laboratório científico... uma câmara de tortura!

Não há dúvida de que falta à nossa ciência uma orientação metafísica. Acalento a esperança secreta de que, no fundo, no fundo, eles não sabem o que fazem; possa assim alguém perdoar-lhes.

1 comentário:

CMondim disse...

Adoro animais, cada vez mais em comparação com o bicho homem. è fácil gostar dos animais, são fieis, não são capazes de actos traiçoeiros, são amigos. Não queria, no entanto, desistir e perder a esperança na Humanidade, mas estou céptica.