“Mentalmente mantenho-me activo escrevendo, escutando e tentando interpretar sentimentos e sofrimentos. Percebi este verão o alcance de alguns avisos de Sampaio Bruno, nas últimas páginas de A Ideia de Deus:
Se o mundo não existe para que o homem o saiba, também não existe para que o homem o goze, filosofar, filosofar sempre é que é o destino humano…
Percebi que, enquanto viver, não estou autorizado a descansar. Deter-se a alma nalguma satisfação ou nalguma felicidade é abrir a porta a monstros. Até aqui não acreditava que quanto mais luminosa a ideia entrevista tanto maior o perigo da queda, quando o movimento desaparece. A vida do espírito é deveras só movimento, movimento exigente. Quem esquece isto corre sérios riscos de ficar paralisado por muito tempo. Creio que é esta também uma das mensagens de Álvaro Ribeiro no prefácio de A Literatura de José Régio. Não tinha compreendido até agora por que motivo Álvaro se lamenta da insistência do anjo…”
João Rêgo
Sem comentários:
Enviar um comentário